Como desentupir o cu mediante massa de bosta excessivamente grande

Como desentupir o cu mediante massa de bosta excessivamente grande

Antecedentes

É assaz desconfortável quando se senta ao vaso para obrar e sobrevém a sensação de que o que vai ser produzido é grande demais para o tamanho da via de saída. Fazer o quê?

Passei mais de 20 anos penando pontualmente com situações assim e sofrendo muito cada vez que acontecia. Por falta de alternativa, optava pelo uso da força bruta, impulsionando o volume afora rumo à luz. Mas as consequências eram sempre as mesmas. Doía. Isso quando não explodia o portal.

Até que, um dia, um benfeitor de índole luminosa, dizendo-se autodidata na matéria, comentou ter desenvolvido uma manobra que resolvia tudo. Passarei então a descrever este engenhoso método, desejoso que, caso produza bons resultados em você, seja espalhado aos quatro ventos de modo a tornar mais doce a existência do maior número possível de amigos, parentes e conhecidos.

O vulcãozinho

Nem sempre nosso corpo gera esgoto sólido capaz de abandonar nossas entranhas de maneira dócil. O ideal seria uma consistência quase pastosa, semelhante à da argila. Mas às vezes o bolo vem seco, endurecido e bem malvado. Em casos assim, não dá outra. Entope.

Entra em cena o poder exploratório de nossas mãos, mais especificamente dos dedos. Não, não pense que será necessário adentrar cavernas. Nada disso. Fiquemos no entorno, nas redondezas. Numa rápida inspeção táctil, nota-se que a massa gigantesca que busca a liberdade produz uma pequena montanha junto ao local de saída. Uma estrutura imponente que empurra o solo para fora, de maneira bem parecida com um vulcão. Meu mestre carinhosamente chamou esta protuberância de “o vulcãozinho”.

Possivelmente lhe causará surpresa, às apalpadelas na região mole ao toque que existe na brecha óssea das ilhargas, o tamanho do monstro que anseia por liberdade. Mas nada de sustos. O procedimento é simples, e consiste em cuidadosamente pressionar o “magma” com os dedos, amoldando-o suavemente para que assuma um formato notadamente cilíndrico em sua porção mais próxima ao ponto de saída.

Melhor ainda: aplicando pressões aqui e ali, com movimentos precisos, é possível esculpir nesta região uma morfologia levemente pontiaguda. Tal façanha representa a maestria nesta arte. Com isso, você estará realizando o que em verdade seria a missão original da musculatura do anelzinho que circunda o canal escapatório, mas que se viu incapaz de desempenhá-la ante a dureza do material.

Por etapas

Finda a escultura, deve-se aplicar ligeira força barrigal de modo a expulsar o indesejável fardo. Mas faça-o com comedimento. Contrações leves, judiciosas e gentis. Refaça a reengenharia do vulcãozinho quantas vezes for necessário. E terá a grata surpresa de perceber que, aos poucos, o pujante globo interno se transmutará num torpedo que, graças à Mãe Natureza, intuirá seu rumo sem hesitar. Ele abandonará a escuridão de seu tubo e, livre, irá submeter-se ao irrefreável impulso descrito por Newton, indo mergulhar, talvez com naturais respingos para o alto, na pequena piscina de louça que o aguarda. E, com o sucesso, você terá sua alma tomada por uma indizível sensação de leveza, ao libertar-se daquilo que tão rudemente lhe oprimia.

Conclusão

Esta técnica mudou minha vida de maneiras que mal posso descrever, tornando-me uma pessoa melhor, mais plena e, sobretudo, feliz. Desejo que o método lhe seja bastante útil, lembrando que a prática aprimorará sua técnica, e que é preciso não esmorecer. Perseverar sempre. Sucesso!

• por Carlos Alberto Teixeira, em Niterói, 18 de novembro de 2017.

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